Novo remédio quer apagar lembranças de viciados em
drogas.
São Paulo - A maior dificuldade na batalha de um viciado contra
as drogas é não recair. Mesmo após passar pelos
melhores tratamentos, muitos viciados em drogas psicoestimulantes (como cocaína
e metanfetamina) acabam recaindo logo após receber alta, já que a lembrança no
cérebro do uso da droga é forte demais para que eles resistam.
Mas pesquisadores da Universidade da
Flórida, nos Estados Unidos, encontraram uma forma de “apagar” essas lembranças
do efeito da droga do cérebro do paciente, impedindo que ele volte a usar a
substância.
O estudo foi publicado
na edição desta semana da revista científica Molecular Psychiatry.
Apesar de a ideia de
apagar uma memória ser perigosa, os pesquisadores mostraram em ratos que o
medicamento criado afeta apenas as lembranças associadas ao vício no
psicoestimulantes.
O remédio ainda
precisará ser testado em humanos e chegaria ao mercado em, no mínimo, cinco
anos.
O mecanismo por trás do
medicamento utiliza o processo envolvido na formação das lembranças no cérebro
humano.
Em 2013, os mesmos
pesquisadores descobriram que as lembranças que surgem após o uso de uma droga
psicoestimulantes eram muito diferentes do que a formação de memórias
corriqueiras, como o que comemos no almoço ou nosso primeiro beijo.
Essas memórias do
cotidiano são registradas no cérebro dentro de uma conexão de neurônios formada
pela actina, um tipo de proteína.
A actina estabiliza
rapidamente essa lembrança, que fica guardada no cérebro.
No caso da memória
criada pelo uso da anfetamina, a actina nunca consegue estabilizar essa
lembrança.
Os pesquisadores se
aproveitaram dessa instabilidade para criar uma droga que destrói a actina e,
portanto, a memória relacionada à droga.
Mas, como a actina é
usada pelo organismo em outros processos, como o funcionamento dos músculos ou
a contração do coração, destruir essa proteína seria extremamente perigoso.
No novo estudo, os
pesquisadores decidiram usar outra proteína, chamada “miosina não muscular do
tipo IIB”. Essa molécula de nome pomposo ajuda a actina a funcionar, mas em
outros processos que não afetam o funcionamento dos músculos e do coração.
A droga criada pelos
pesquisadores, chamada de Blebbistatina (ou Blebb) destrói a miosina não
muscular do tipo IIB, inibindo a actina instável e “apagando” a memória
associada com a droga psicoativa.
O medicamento age apenas
nessa lembrança, durante 30 dias, segundo os pesquisadores. Segundo os
cientistas, basta apenas uma única dose do remédio para que o cérebro do
viciado deixe de lembrar que usou a droga.
Fonte: Exame.com

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