Mais dinheiro,
menos cura: pesquisa médica enfrenta obstáculos nos EUA.
Mais dinheiro
tem sido gasto em pesquisas médicas, mas poucos novos medicamentos têm sido
aprovados e as pessoas não estão vivendo mais do que viviam nos anos 1960,
conclui um estudo americano divulgado nesta segunda-feira.
Entre os vários motivos apontados para
o atraso no progresso científico estão o foco excessivo em divulgar os estudos
em periódicos de prestígio, bem como burocracia e regulação excessivas, destaca
o estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
"Nós estamos gastando mais
dinheiro agora para alcançar os mesmos resultados que sempre alcançamos e isso
continuará acontecendo se nós não consertarmos as coisas", afirmou o
coautor Arturo Casadevall, professor de microbiologia molecular e imunologia da
Escola Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins.
O estudo se baseou em análises de
financiamento do Instituto Nacional de Saúde, assim como no número de estudos
científicos que estão sendo publicados, na expectativa de vida e no número de
aprovação de novos medicamentos - ou Novas Entidades Moleculares (NMEs, na
sigla em inglês) - aprovado pela Food and Drugs Administration (FDA,
responsável pela regulamentação de alimentos e medicamentos nos Estados
Unidos).
O estudo revelou que o número de
cientistas nos Estados Unidos aumentou mais de nove vezes desde 1965 e que o
orçamento do Instituto Nacional de Saúde aumentou quatro vezes para cerca de 30
bilhões de dólares este ano.
Enquanto isso, o número de novos
medicamentos aprovados pela FDA dobrou, enquanto a expectativa de vida ficou
relativamente constante, ganhando cerca de dois meses por ano na última metade
do século.
"Há algo de errado no processo,
mas não existem respostas fáceis", afirmou o coautor do estudo, Anthony
Bowen, professor convidado da Escola Hopkins de Saúde.
Burocracia
Os pesquisadores atualmente precisam
passar por longos processos de permissão para retirar amostras de sangue e
precisam catalogar cada amostra para a supervisão do governo, afirmou.
Tais tarefas "adicionam encargos
não científicos aos cientistas, que poderiam dedicar mais tempo nos
laboratórios", apontou o estudo.
Outros argumentam que os desafios da
medicina moderna são mais complexos do que nunca e que encontrar a cura para o
Alzheimer e o câncer exige mais tempo e esforço.
Casadevall afirma que muitas das
melhores drogas usadas atualmente foram desenvolvidas há décadas, incluindo a
insulina para a diabetes e bloqueadores beta para doenças cardíacas.
Mas, de acordo com os pesquisadores,
alguns dos problemas também aparecem na cultura atual do estudo científico.
Casadevall e Bowen afirmam que existem
incentivos "perversos" para pesquisadores pularem etapas ou
simplificarem demais seus estudos para que possam ser publicados em respeitadas
revistas científicas.
Um estudo paralelo mostrou que mais de
28 bilhões de dólares em financiamento público e privado são gastos anualmente
em pesquisas que não podem ser reproduzidas e que compõem cerca de metade do
conteúdo contemporâneo das revistas científicas.
YAHOO! Noticiais.
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