Futuro dos Antibióticos é pauta
na reunião do G20 !!!
Os antibióticos podem se
tornar o pivô de uma disputa entre países ricos e nações em desenvolvimento nos
próximos meses. O prejuízo que a resistência às superbactérias pode causar ao
mundo nos próximos anos levou as 20 maiores nações do Planeta a incluir o tema
na pauta econômica do G-20.
Relatório do Reino Unido
apresentado aos líderes do grupo na China mostraram a necessidade de se
financiar as pesquisas por novos antibióticos pelos laboratórios, que alegam
não terem lucros suficientes para investir eles próprios em inovação. Muitos
indicam que o advento dos medicamentos genéricos teria reduzido ainda mais as
suas margens de lucro. O Brasil foi o primeiro país a rejeitar a demanda, que
também teve o sinal negativo por parte da Índia e da África do Sul.
— Se os países desenvolvidos estiverem dispostos a financiar,
não tenho nada contra. Mas, dependendo de como for tratado o assunto, pode-se
acabar abrindo caminho para setores da indústria que querem subsídios inibir a
concorrência dos genéricos — disse o ministro das Relações Exteriores, José
Serra.
O comunicado final da cúpula do G-20 de Hangzhou manifestou em
um parágrafo a preocupação com tema e determinou a criação de um grupo formado
pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO), Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e a
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para estudar
respostas econômicas para o problema. A declaração, no entanto, acabou mais
evasiva do que o desejado exatamente pelo fato de já ter provocado polêmica na
primeira rodada de conversas.
O relatório encomendado pelo governo britânico e liderado pelo
economista Jim O’Neill, o pai do termo BRIC ( grupo que até recentemente
incluía Brasil, Rússia, Índia e China), sugere um plano que requer pelo menos
US$ 2 bilhões em investimentos para estimular as pesquisas. Ele alega que a
economia global perderá cerca de US$ 100 trilhões até 2050 e que uma pessoa
morrerá a cada três segundos por conta das chamadas superbactérias. Uma das
causas para a criação desses microorganismos resistentes seria o uso excessivo
de antibióticos pelas pessoas.
O ministro brasileiro reconhece a importância das discussões,
mas ressalta que há países em que a população não tem acesso a antibióticos.
Segundo ele, o debate deve ser feito de maneira equilibrada e a conta não pode
recair sobre os países em desenvolvimento. Ele destacou também que a discussão
não pode ameaçar a conquista dos medicamentos genéricos.
— Por outro lado, neste caso, dependendo de quem esteja falando,
até mesmo inibir a concorrência com os genéricos. Olhando do ângulo dos países
em desenvolvimento a conquista que os genéricos trouxeram e a possibilidade de
quebrar patentes tem que ser fortalecida e não enfraquecida. Tem que manter a
ofensiva dos produtos genéricos. O argumento brasileiro na cúpula do G-20
foi que os fundos para a pesquisa só poderão ser concedidos se não ficarem restritos aos grandes
laboratórios internacionais. Boa parte deles, por sinal, está baseada no Reino
Unido. Os recursos teriam de ser destinados a pequenos laboratórios, sobretudo
em países em desenvolvimento.
Fonte: O Globo
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