Câncer: Medicamentos estão ficando mais
eficazes ,mas menos acessíveis !
Um
dos principais desafios no financiamento da assistência oncológica na rede
pública é o alto preço cobrado pelas drogas mais inovadoras contra a doença. Em
alguns casos, o tratamento de um único paciente chega a custar R$ 600 mil
As novas tecnologias e
medicamentos tornaram-se mais efetivas contra cada determinado tipo de tumor,
mas o processo de descoberta dessas terapias encarece o produto final. “O que
aconteceu na última década é que a biologia molecular e o estudo genético
ficaram baratos o suficiente para detectarmos alterações nas células tumorais a
ponto de definirmos o tratamento específico”.
Conseguimos olhar o alvo
e quase que desenhar uma molécula capaz de destruir a célula tumoral. Só que
essas drogas chegam caras ao mercado, primeiro porque elas são muito
específicas, então não têm venda em larga escala, e segundo porque a indústria
argumenta que teve as despesas de várias pesquisas até chegar a uma molécula
eficaz”, explica Riad Younes, diretor do centro de oncologia do Hospital Alemão
Oswaldo Cruz.
O especialista explica
que, tanto no aspecto terapêutico quanto no financeiro, é preciso ter certeza
de quais pacientes, de fato, terão benefício com esses medicamentos. “Essas
drogas são extremamente caras e não funcionam para todo o mundo. É importante
investigar caso a caso para selecionar o doente que vai se beneficiar. Caso
contrário, vamos usar armas muito poderosas em uma situação desnecessária”,
diz. Não por acaso, as drogas mais modernas – e caras – demoram anos para
serem incorporadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Nos últimos anos, a
situação tem aumentado o número de demandas judiciais por medicamentos contra
órgãos governamentais.
No Estado de São Paulo,
por exemplo, a estimativa é que seja gasto R$ 1,2 bilhão neste ano para atender
aos pedidos de tratamentos feitos via Justiça. Segundo o secretário da Saúde,
David Uip, cerca de 70% desse valor será gasto com imunobiológicos usados no
tratamento oncológico. “Isso é uma das coisas com que tenho enorme
preocupação. O que ocorre é que o tratamento contra o câncer está mudando e
avançando, mas essas drogas custam muito caro e nem a medicina pública nem a
privada têm recursos para isso. Vamos ter de repensar o sistema e buscar outras
formas de financiamento.”
Desespero – Ingressar com uma ação judicial foi a única saída
encontrada pela autônoma Letícia Fernandes Campos, de 22 anos, para buscar uma
nova opção de tratamento para sua doença, um linfoma de
Hodgkin. Diagnosticada em 2013, a jovem já havia passado por diferentes
tipos de quimioterapia, radioterapia e autotransplante de medula, mas, em todas
as vezes, o câncer voltou a aparecer após alguns meses.
“Sempre fiz tratamento
pelo SUS, tentei todas as opções, mas, em agosto de 2015, o câncer voltou de
novo e eu não tinha mais o que fazer. Só tinha um medicamento que podia me
ajudar, mas ele não estava disponível no SUS. As 16 aplicações do remédio
custam de R$ 500 mil a R$ 600 mil. Foi aí que decidi entrar na Justiça”, conta
ela. A ação foi movida em janeiro, mas a aplicação do remédio só foi
iniciada no mês passado, após decisão judicial favorável.
“Foram momentos de desespero,
você vê todas as portas fechando, as possibilidades se esgotando, e parece que
o sistema público não está nem aí. Se eu não tivesse corrido atrás, nada seria
feito. Tive amigos que nem tiveram tempo para isso, morreram antes”, afirma.
Para Riad Younes, o
Brasil deve investir em estratégias de prevenção e detecção precoce para evitar
casos de câncer mais avançados, justamente os que precisam de tratamentos mais
caros. “Aqui no Brasil, além de termos pouco dinheiro, a gente gerencia mal. A
prevenção não é levada muito a sério. É muito mais barato prevenir um câncer de
pulmão do que tratá-lo, por exemplo,”, afirma.
Fonte: Portal UOL
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