quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Vick VapoRub: riscos do uso do produto em bebês e crianças.


Depois que uma criança de 18 meses chegou a um hospital nos Estados Unidos com um grave desconforto respiratório por ter usado Vick VapoRub sob o nariz, pesquisadores do Wake Forest University Baptist Medical Center, na Carolina do Norte, decidiram investigar se havia riscos no uso do produto. Eles analisaram a pomada em furões, animais que, segundo eles, têm a fisiologia das vias respiratórias semelhante a dos seres humanos. O resultado sugere que o Vick VapoRub pode aumentar a secreção do muco nasal, além de inflamar as vias respiratórias. 

Os especialistas brasileiros entrevistados pela CRESCER para esta reportagem são unânimes em dizer que esse produto não é um medicamento, nem uma indicação médica como descongestionante. “As substâncias contidas no Vick [mentol, cânfora e óleo de eucalipto] são irritantes para as vias aéreas, por isso produzem mais muco, principalmente em crianças com problemas respiratórios, como a asma”, diz Dirceu Solé, pediatra e presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia. Segundo o especialista, não há estudos que comprovem cientificamente o benefício dos componentes da pomada. 

Até 1 ano e meio, diz Solé, não há descongestionante seguro. “A única indicação para todas as idades que ajuda a expectorar é a hidratação”, diz Eliane Henriques Moreira Alfani, pneumologista infantil do Hospital São Luiz (SP). A especialista ensina duas formas para os pais fazerem isso em casa. Uma delas é usar o soro fisiológico na inalação ou lavando as narinas com o produto. A outra é oferecer muito líquido para a criança. 

Em nota à imprensa, a Procter & Gamble, fabricante do Vick VapoRub, enfatiza que, assim como consta no rótulo da pomada, ela não deve ser usada em crianças menores de 2 anos, nem colocada diretamente nas narinas. A empresa garante que, seguindo as orientações do rótulo, o produto é eficaz no alívio dos sintomas de gripes e resfriados. 

A orientação dos especialistas, no entanto, continua a mesma: qualquer produto ou medicamento só deve ser usado com orientação médica. 



Fontes: Dirceu Solé, pediatra e presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia; Eliane Henriques Moreira Alfani, pneumologista infantil do Hospital São Luiz (SP) e Maria Zilda de Aquino, pediatra do Hospital Sírio-Libanês (SP)

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